Sentado estava eu, a olhar para uma parede rugosa em tons de bege, que mais parecia uma tela de cinema, o meu cerebro estava a projectar imagens do meu passado naquela parede, tal como um projector, momentos que estavam presos num baú bem no fundo das minhas memórias, momentos que me deixavam com vergonha e repugnancia de mim mesmo, até mesmo remorsos.
A cada nova imagem que aparecia, crescia a minha mágoa, e nascia uma nova lágrima, e a interrogação que me esvoaçava nos neurónios "Como fui capaz de fazer isto?", ficava cada vez menos respondida.
Uma após outra, desde o passado mais antigo até bem perto do presente, não tinha tido um único momento de real alegria, real felicidade, senti-me frustrado por ter perdido a minha infância, parte da minha adolescência, e saber que só levantarei a minha cabeça na idade adulta.Toda uma vida tinha sido projectada em meros segundos numa parede já velha, todas as lagimas contidas durante anos caíram uma a seguir a outra num chão de madeira. Subitamente, pus-me a pé, virei rapidamente as costas aquela parede maldita, numa metáfora de que aquela parede era o meu passado infeliz, e caminhei em direção á porta, abri-a, e vi um ceu azul lindo, sem nuvens, um ceú puro, exactamente o contrário de mim, coloquei o meu pé direito sobre o alcatrão, e deixei aquela casa abandonada, prometendo que não voltaria a entrar.
Durante um curto caminho lutei contra a minha mente, a tentar encontrar uma memória feliz, pela qual tivesse valido todo o sofrimento, de nada valeu.
Cheguei rapidamente a casa, abri a porta e desta vez não vi nenhuma parede bege, não me sentei no chão, nem, sequer procurei pensar, apenas me dirigi a sala peguei na guitarra, coloquei um pé sobre uma pequena mesa no centro da sala, sem me preocupar com bons modos, e soltei uns acordes sem sentido, estava apenas a tentar passar o tempo.
Pouco tempo depois já tinha pousado a guitarra e já estava deitado no meu quarto a olhar para o tecto branco senti uma vibração no telemóvel, aí fiz o que nunca achava possivel de fazer, agarrei nele, e num acto de revolta atirei-o com toda força contra a parede lateral do quarto, escusado será dizer que o telemovel nunca mais funcionou,mas naquele momento corrompi a única coisa que tinha do meu passado, apenas ficaram as memória no baú, e com um aviso "não abrir".Daí para a frente fui e espero continuar a ser feliz
5 comentários:
Está tão triste o texto, só revolta e lágrimas mas exprimiste-te bem .
É um bom texto do Mário sim senhor :D
Sabes o que acho deste texto, não vou falar muito do assunto, simplesmente irei relembrar-te que a originalidade e criatividade é uma das coisas mais importantes quando se escreve. Não podes copiar o "jeitinho" dos outros, nem que seja sem querer.
Mas o texto em si, está bem.
Conseguiste transmitir de boa forma, certos sentimentos (raiva,revolta..) É um texto relativamente bom e sentido*
Eu acho que estás a melhorar e o texto está bom, gostei ;)
eu gosto de brincar, mas depois pensam que sou infantil :c
eu tenho 16 o:
Identifico-me com este texto. Hoje, interrogo-me como tive coragem de perdoar/fazer algumas coisas no passado mas pronto , como a palavra diz é passado :s
e não deve interferir no presente. :)
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